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terça-feira, 24 de junho de 2008

A Festa de São João Batista: religiosa ou profana? (Lc 1,57-66.80) (24/06/08)

A Festa de São João Batista: religiosa ou profana?

        Estamos a 6 meses do Natal, em um dia solene para a liturgia católica: o dia em que comemoramos o nascimento de São João Batista! Ele foi o homem do qual Jesus disse que "de todos os nascidos de mulher, ninguém foi maior que João Batista." O que tornou João Batista tão especial? A resposta é simples: ter cumprido a missão para a qual foi designado: preparar as pessoas para a chegada do Salvador. A mesma missão a que somos chamados hoje!

        João Batista foi um homem íntegro, zelador da moral! As pessoas o procuravam para confessar seus pecados e serem batizadas (por isso ser chamado "Batista"). João era contundente e incisivo nas suas colocações, além de ser corajoso a ponto de chamar os fariseus de "raça de víboras". Ele foi um profeta especial, pois teve a honra de conhecer e batizar o próprio Jesus, aquele ao qual ele foi designado a anunciar.

        A festa que é feita para comemorar seu nascimento tem origem antiga na nossa igreja. A tradição de acender uma fogueira é para lembrar que esta era a forma de avisar aos parentes e amigos distantes que o menino acabara de nascer! Aqui no nordeste do Brasil, a festa de São João é tradicional em todas as cidades, do litoral ao sertão. Esta época do ano coincide com a época da fartura, pois as chuvas de maio e de junho garantem a boa colheita, principalmente do milho. Por isso, as famílias costumavam reunir-se para preparar as pamonhas, canjicas, milhos cozinhados, assados, enfim, era uma grande confraternização familiar. As "quadrilhas" eram adaptações daquelas danças das cortes européias, só que ao ritmo do forró, e com os trajes típicos regionais. Quem dançava nessas quadrilhas eram as crianças, adolescentes e jovens, que ensaiavam 2 ou 3 meses para o grande dia da apresentação.

        Veja que eu comecei a falar no passado, pois nos últimos anos não vem sendo bem assim. Algumas cidades do nordeste estão ganhando fama de fazer grandes festas de São João, no entanto, se você procurar algo que lembre o homenageado, não vai encontrar nada, ou quase nada.

        Fico imaginando o que o grande aniversariante iria pensar se viesse visitar a festa que fazem para ele... As bandas que mais fazem sucesso entre os jovens são as que têm músicas com letras de duplo sentido (ou que vão direto ao ponto mesmo!), dançarinas e cantoras semi-nuas (fazendo coreografias provocantes), e que estimulam a promiscuidade e a bebedeira.

        A cantora do grupo Diante do Trono, Ana Paula Valadão, em seu blog pessoal (www.diantedotrono.com.br/blogdaana), relata a experiência que teve em um dos eventos que participou em visita ao Recife, neste mês de junho. Ela diz ter ficado escandalizada com a promiscuidade das pessoas que estavam participando da festa de São João. Chegou a dizer que era uma festa de São João só que "sem João". E nós temos que concordar com ela e lamentar... Imagine! É como se fôssemos comemorar o Natal sem falar em Jesus! É como se fôssemos fazer a festa do seu aniversário, meu caro leitor, sem convidá-lo, e ainda por cima, colocando tudo o que você mais detesta.

        Não sei até que ponto a Igreja vai permitir a utilização do nome desse santo homem para rotular uma festa que não tem mais nada a ver com ele, e que chega a ser até uma falta de respeito pela memória dele.

        Que ao menos nós, cristãos conscientes, saibamos dar o devido valor ao anunciador de Jesus, nosso querido João Batista, e comemoremos com a nossa família e amigos, relembrando a mensagem trazida por ele: "Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos Céus." (Mt 3,2)

 

Jailson Ferreira

jailsonfisio@hotmail.com

www.reflexaoliturgiadiaria.blogspot.com



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