Para melhor compreender esta passagem, em que os fariseus interrogam Jesus sobre casamento e divórcio, utilizando a expressão "por qualquer motivo" (v. 3), e preciso conhecer um pouco do Antigo Testamento. O código do Deuteronômio estabelece que ao divorciar-se de sua mulher, o homem deve declará-lo por escrito (24,1), com a seguinte fórmula: "ela não é a minha esposa e eu não sou seu marido" (Os 2,4). No período pós exílio, Malaquias censura os que abandonam sua mulher na juventude (2,14-15) e o Eclesiástico aconselha o divórcio apenas no caso de mulher má (25,26). Isto fica muito vago e o Deuteronômio não esclarece, pois fala apenas de um comportamento inconveniente da mulher (24,1), para justificar o divórcio. Mas nada deve ser interpretado como adultério, que era considerado na época, como ofensa capital. Provavelmente referem-se a causas legais de uso corrente ou até mesmo prescrições jurídicas que não chegaram até nós.
Jesus sempre se posiciona contra o divórcio. Mas nessa época, duas escolas rabínicas disputavam a questão não resolvida no Antigo Testamento. Uma escola permitia o divorcio, por qualquer razão que o marido encontrasse na mulher e a outra só permitia o divórcio em caso de adultério. E neste contexto que surge a pergunta dos fariseus, que põe Jesus a prova: "É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?" (v. 3) Tentam fazer com que Jesus se posicione por uma das escolas, mas Ele recorre ao Gênesis 1,27; 2,24 como base bíblica para sua resposta e afirma que no plano da criação original de Deus, o casamento e indissolúvel e nada pode terminar essa união. Quanto a pergunta sobre a lei de Moisés (v.7), Jesus diz que no Antigo Testamento o repúdio era permitido apenas como concessão a fraqueza humana, e reafirma que não é a intenção original de Deus.
A seguir, Jesus interpreta a lei, proibindo, de forma absoluta, o repúdio e o novo casamento, exceto no caso de união ilegal, que provavelmente seria um casamento entre pessoas dentro dos graus de parentesco proibidos no Levítico 18,6-18. A natureza radical do ensinamento de Jesus leva os discípulos a questionar, se convém ou não se casar. Jesus afirma que celibato é dom de Deus e não é para todos. O celibato cristão é a resposta à experiência do Reino dos Céus ensinada e vivida por Jesus. Esse celibato não se baseia num conceito marxista contra as mulheres, nem na pureza cultual, nem nas exigências da vida comunitária. É resposta a Deus! "Quem puder compreender, compreenda"
Maria Cecília
www.reflexaoliturgiadiaria.blogspot.com
parabens pelos artigos como pesquisador e estudioso de assuntos ligados a familia,busco informações sólidas para ministrar ás familias!
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