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quarta-feira, 30 de março de 2011

O cego foi, lavou-se e voltou enxergando (Jo 9,1-41) (03/04/11)

        Os discípulos perguntaram a Jesus: 'Mestre, quem pecou para que nascesse cego: ele ou os seus pais?' Jesus respondeu: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele."

        Para que o mundo soubesse que o Filho de Deus tinha e tem o poder de curar.  Assim como, do mesmo jeito, os mendigos existem não porque Deus seja mau, como muitos pensam. Mas para que nós possamos demonstrar a nossa caridade. Se não houvesse mendigos como poderíamos praticar  a caridade? Como então poderíamos ganhar a vida eterna?

        Tem muitas pessoas perguntando o que os japoneses fizeram para merecer tamanho castigo. Terremoto seguido de uma tsuname.  Acontece que os japoneses não são mais pecadores do que nós. Porém, é preciso lembrar as palavras do Mestre, a respeito da construção da nossa casa sobre a areia. Os japoneses construíram suas casas em cima de ilhas vulcânicas sujeito a vulcanismo e tectonismo (terremotos). E ao longo da história, vários foram os terremotos que destruíram cidades japonesas, assim como já destruíram cidades ao longo da Cordilheira dos Andes  que é também outra área sísmica.

        As pessoas que foram vítimas da destruição de suas casas pelas chuvas neste verão, também não foram castigadas por Deus. Mas sim, vítimas de uma fatalidade, o que não aconteceu a outros, até mais pecadores que eles, porém, são privilegiados  por  morar em casas construídas em lugares ou áreas não vulneráveis ao impacto das fortes chuvas.

        Não estamos botando a culpa nos japoneses.  Acontece que por necessidade, muita gente no mundo constrói suas casas em áreas de risco. E quando bate a  tormenta, as cheias ou o terremoto e que o pior acontece, muitas pessoas ficam pensando em castigo ou falta de amor de Deus.  

        Do mesmo modo, muitos neste instante estão sofrendo, não porque seus pais pecaram, mas porque escolheram caminhos perigosos. Pelo tipo de uso de sua liberdade, estão sofrendo as conseqüências. Pois quem vive pela espada por ela morrerá.  Quem ama o perigo, nele perecerá.  Não basta viver perigosamente. É preciso responder pelos nossos atos. Arcar com as conseqüências daquilo que escolhemos seguir ou fazer, sem botar a culpa em Deus, "quando a vaca vai pro brejo". Quando tudo sai errado, quando nada daquilo que planejamos acontece.

        Jesus acrescentou em seu diálogo que "É necessário que nós realizemos
as obras daquele que me enviou, enquanto é dia." Assim nós também.   Façamos logo as nossas obras de caridade enquanto estamos nesta vida! Enquanto há tempo de corrigir os nossos erros, de redirecionar  o rumo da nossa caminhada. Enquanto temos forças para ajudar o irmão que precisa, enquanto temos forças para trabalhar e ganhar o nosso sustento, ao passo que outros já não o podem mais. Enquanto podemos fazer alguma coisa por aqueles que nos olham com ar de desespero, de sofrimento e de derrotados. Enquanto estamos de pé, vamos dar a mão para aqueles que já caíram na estrada da vida, e não mais conseguem dar passos firmes como nós.

        Que nossos presentes não sejam somente por interesse. Que não damos somente àqueles que podem nos recompensar ou também nos dar um dia.  Mas sim, vamos oferecer a nossa ajuda, vamos dar de comer, de bebe e vestir àqueles que não podem nos devolver esses favores. E, acredite! Este é o maior e o melhor dos investimentos. Pois quem dá um na Terra receberá cem no céu. Foi Jesus quem disse!

        Os mesquinhos e egoístas não dão esmolas. Eles inventam mil desculpas para não fazer isso.   Ele é preguiçoso!  É vagabundo! Ele vai comprar bebida! Cuidado! Ele vai se acostumar!

        Muitos donos de restaurantes, de casas de lanches, ficam muito contrariados quando um cliente oferece comida a um faminto que se aproxima do recinto.

        A preguiça é uma doença. Você é trabalhador? Então agradeça a Deus.
Ele vai comprar bebida? Ah! Você pode encher a sua cara, nas festas, nos finais de semanas, etc. Aquele pobre coitado não tem o direito a nenhuma gota de diversão? Não tem o direito de se embriagar para esquecer a sua miséria? A miserável vida que ele vive? Sabia que pensar assim é puro egoísmo, meu irmão?

        Nota-se que este milagre realizado por Jesus àquele  cego gerou uma grande polêmica. De um lado, os vizinhos admirados, nem acreditavam no que estavam vendo. Aquele homem era cego agora está enxergando! Do outro lado, os fariseus obcecados pela observação do descanso sabático, queriam saber a qualquer preço quem foi que desrespeitou a Lei, trabalhando ou mexendo no barro e curando um cego.

        Disseram, então, alguns dos fariseus: 'Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado.'  Mas outros diziam: 'Como pode um pecador fazer tais sinais?'
        Foi assim que aconteceu. A pessoa de  Cristo gerava contradição.  Não se estranhe ou admire se pelo seu trabalho de catequista a sua pessoa for ignorada por uns, ou questionada por outros, ou ainda chacoteada pelos incrédulos movidos por satanás.

        Porém, o mais gratificante é que os seguidores de Jesus, os que têm fé, reconhecem o seu esforço e o acolhem de forma carinhosa e animadora!

 

Sal.

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